Expansão Offshore e Margem Equatorial: Demanda por Equipamentos e Sobressalentes

A indústria de óleo e gás no Brasil vive um ciclo de recomposição de investimentos, aumento de exigência regulatória e preparação para novos projetos offshore. Empresas de serviços e construção, como a Private Oil & Gas, estão estruturando a entrada no mercado offshore a partir de 2026, ao mesmo tempo em que ampliam sua atuação no onshore com foco em segurança operacional e adequação de ativos.
Entrevista no Petronotícias:

Para fornecedores de equipamentos e sobressalentes, esse cenário concentra a demanda em três eixos principais:

  • conformidade regulatória em plantas onshore

  • expansão de operações offshore

  • desenvolvimento da Margem Equatorial


Mudança na Manutenção, De Reativa para Preventiva

Nos últimos dois anos, empresas de construção com atuação em óleo e gás passaram a concentrar esforços em segurança operacional. A própria Private Oil & Gas ganhou espaço ao atuar em plantas interditadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), corrigindo deficiências de conformidade em prazos compatíveis com as exigências do órgão regulador, conforme relatado em entrevista ao portal Petronotícias.
Entrevista:

A partir desses casos, operadoras passaram a buscar suporte antes das auditorias da ANP, reduzindo o risco de não conformidades e interdições. Esse movimento reforça um ponto central: programas de manutenção preventiva reduzem custos operacionais, estendem a vida útil dos ativos e evitam paradas não planejadas de alto impacto financeiro.

Para fornecedores de sobressalentes, o impacto é direto:

  • pedidos deixam de ser concentrados em compras emergenciais

  • programas anuais de manutenção passam a exigir estoques permanentes de peças de reposição, componentes de segurança, instrumentação e consumíveis certificados


Segurança Operacional, Demanda em Três Áreas

  1. Conformidade NR 12 e Proteção de Máquinas

A NR 12, Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, estabelece referências técnicas e requisitos mínimos de proteção para máquinas e equipamentos em todas as fases de utilização.
NR 12:

Na prática, a conformidade envolve:

  • inventário de máquinas e análise de riscos

  • implementação de dispositivos de proteção

  • uso de componentes certificados e rastreáveis

A demanda típica de sobressalentes inclui:

  • sensores de proximidade certificados

  • atuadores pneumáticos conforme normas ISO

  • válvulas solenoides com tempos de resposta documentados

  • equipamentos de teste e calibração

  • conjuntos de vedação e componentes de selagem

Planos de manutenção preventiva costumam prever substituição de componentes críticos em intervalos próximos de 12 a 24 meses, em linha com recomendações de fabricantes e critérios de auditoria.

  1. Sistemas de Combate a Incêndio

Empresas de serviços relatam forte atuação em adequações de redes de incêndio em estados como Rio Grande do Norte e Ceará, com base em projetos de segurança operacional conduzidos para operadoras onshore, como descrito pela Private Oil & Gas na entrevista ao Petronotícias.
Entrevista:

Sistemas de proteção contra incêndio em unidades de produção combinam múltiplos componentes com ciclos de inspeção e manutenção bem definidos, por exemplo:

  • extintores ABC, CO₂ e pó especial, com inspeção periódica e recarga após uso

  • detectores de chama e detectores de fumaça, com testes regulares

  • chuveiros automáticos e sprinklers, com inspeções visuais e limpezas programadas

  • mangueiras de combate a incêndio, com testes de pressão em intervalos definidos

  • válvulas de isolamento rápido e sistemas de alarme, com rotinas de teste documentadas

Cada componente deve possuir número de série, histórico de testes, data de vencimento de certificação e registros de manutenção. Isso cria demanda contínua por:

  • reposição de extintores e mangueiras

  • componentes de válvulas e conexões

  • equipamentos de detecção e sinalização

  • kits de manutenção para sistemas fixos e móveis

  1. Gestão de Integridade de Equipamentos

Diretrizes da ANP e normas de integridade de ativos reforçam a necessidade de programas formais de gestão de integridade para tubulações, válvulas e estruturas, com inspeção contínua ao longo da vida útil dos ativos.

Esses programas geram demanda para:

  • peças de reposição do fabricante original (OEM), com certificações compatíveis

  • kits de manutenção programada com desempenho garantido

  • vedações, juntas e anéis com materiais especificados em projeto

  • rolamentos com especificação clara de carga e tolerância

  • componentes hidráulicos, como mangueiras, conectores e filtros

  • válvulas de retenção, alívio e bloqueio com certificação de pressão

  • flanges em aço carbono, inox e duplex com ensaios não destrutivos

  • parafusos de alta resistência, com rastreabilidade de lote

  • instrumentação de pressão, temperatura e vazão com calibração rastreável

Operadoras estruturam rotinas de inspeção trimestrais e semestrais. As conclusões dessas inspeções se convertem em reposições planejadas, o que permite ao fornecedor programar estoques e níveis de serviço.


Expansão para Offshore, Requisitos de Certificação

Empresas como a Private Oil & Gas estão preparando sua entrada no mercado offshore para 2026, com foco em caldeiraria, montagem de estruturas metálicas e instalação de equipamentos, aproveitando o conhecimento desenvolvido no onshore.

A transição para o offshore exige aderência a normas técnicas e padrões de classificadoras reconhecidas globalmente, como a DNV, além de outras sociedades de classificação voltadas a unidades offshore.
DNV:

Consumíveis de Soldagem Offshore

A soldagem em ambiente offshore, sob requisitos de entidades como DNV, ABS e Lloyd’s Register, demanda consumíveis e materiais com certificações específicas, tais como:

  • eletrodos AWS E7018-1, E8018-G, E10018-D2 com rastreabilidade de lote

  • arames tubulares AWS E71T-1, E91T-1 com ensaios de impacto em baixa temperatura

  • chapas de aço carbono ASTM A36, A572, além de inox 316L e aços duplex

  • gases de proteção com pureza controlada, como argônio e misturas argônio CO₂

Componentes Estruturais Certificados

Operações offshore utilizam componentes estruturais e de fixação com requisitos rigorosos de projeto, por exemplo:

  • parafusos ASTM A193 ou equivalentes, grau mínimo 8.8, com revestimento anticorrosivo

  • porcas ASTM A194 ou DIN, com lubrificantes compatíveis com ambiente marinho

  • pinos de conexão forjados com tratamento térmico controlado

  • correntes de elevação grau 8, com ensaios periódicos de tração exigidos por classificadoras

  • mangueiras hidráulicas SAE 100R2AT, SAE 100R13 com revestimento especial marinho

  • conectores hidráulicos ISO 6149 com materiais resistentes à corrosão

Equipamentos de Proteção Obrigatória

A NR 37, Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo, define requisitos mínimos de segurança, saúde e condições de vivência em plataformas de petróleo em águas jurisdicionais brasileiras.
NR 37:

Entre as obrigações, destacam se:

  • sistemas de detecção de gases inflamáveis e tóxicos, com redundância e monitoramento contínuo

  • sistemas de combate a incêndio adequados ao risco de óleo e gás sob pressão

  • equipamentos de proteção individual compatíveis com o ambiente offshore, com inspeções periódicas

  • treinamentos obrigatórios para o pessoal embarcado, como HUET e capacitações em trabalho em altura e espaços confinados

Componentes de Processamento Certificados

Plataformas offshore utilizam componentes de processo com exigências combinadas de projeto, certificação internacional e aderência à NR 37, por exemplo:

  • válvulas de esfera para classes de pressão elevadas, com sedes específicas para serviços severos

  • válvulas de retenção roscadas com elementos internos em aço inoxidável

  • válvulas de alívio com calibração de pressão documentada

  • transmissores de pressão com sinal 4 a 20 mA e acurácia adequada ao processo

  • sensores de temperatura RTD e termopares com hastes em materiais resistentes à corrosão

  • medidores de vazão tipo turbina ou Coriolis com documentação de calibração

Operadoras vêm exigindo, de forma crescente, que esses componentes atendam simultaneamente a normas de classificadoras internacionais e à regulamentação brasileira. Na prática, esse conjunto de requisitos funciona como filtro de entrada para fornecedores.